O que é?
As instalações elétricas são compostas de diversos componentes que devem ser escolhidos e instalados corretamente, determinando onde estarão os pontos de iluminação, tomada, trajeto dos eletrodutos, quadros de distribuição, quadro de medição entre outros. O projetista deve ter conhecimento das normas técnicas vigentes para desenvolver um projeto elétrico bem dimensionado, tornando-o eficiente.
Muitas vezes nos deparamos com sobrecargas de energia, ou os famosos curtos-circuitos. Isso ocorre devido à falta de cuidado de alguns profissionais em seguir a risca o projeto elétrico, ou até executar uma obra sem a existência de um.
As vantagens de construir possuindo um projeto elétrico interno são diversas, como a redução no custo de materiais, geração de quantitativos realistas, menor tempo na mão de obra, devido ao projetista já ter pensado nos melhores trajetos dos eletrodutos, e sem sombra de dúvidas a segurança das instalações elétricas.
Padrão de Entrada
Projeto Padrão de Entrada é um estudo apresentado à concessionária de energia local de toda a instalação do empreendimento que será recebida pela rede em baixa ou média tensão, até a conexão de um cabeamento principal, situado normalmente na entrada do imóvel, podendo ser monofásico, bifásico ou trifásico, de acordo com a necessidade das cargas inseridas em projeto elétrico interno. Neste tipo de projeto temos que definir o poste a ser utilizado para recebimento, se for do tipo aéreo ou subterrâneo, o modelo do quadro de medição, podendo ser individual simples, módulo agrupado, em medição direta ou indireta, possuindo TC's, TP's, DPS's, para-raios, chaves seccionadoras, transformadores, relés de proteção, disjuntores e aterramento.
A uma determinada potência de demanda ou quantidade de medições, é impossível obter a ligação da rede ao padrão de entrada sem um projeto elétrico aprovado, sendo uma exigência das inúmeras concessionárias de energia brasileiras, com base no PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional) da ANEEL. Você deve consultar as normas regulamentadoras da sua concessionária de energia para verificar os critérios mínimos pra homologação.
Normas técnicas
As normas técnicas que utilizamos vai depender do tipo de projeto elétrico que estamos desejando desenvolver. As normas básicas que todo projetista em eletricidade deve conhecer é a NBR-5410 (Instalações elétricas de baixa tensão), NBR-14039 (Instalações Elétrica de média tensão de 1,0kV a 36,2kV) e NBR-5419 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas). Além dessas, as concessionárias de energia possuem normas regulamentadoras para dimensionar corretamente o padrão de entrada, como já explicado acima.
Quem pode fazer um projeto elétrico?
Qualquer profissional com conhecimento técnico das normas pode elaborar um projeto elétrico, mas para homologar em concessionária de energia elétrica e corpo de bombeiros somente técnico em eletrotécnica, eletroeletrônica, engenheiro civil e engenheiro eletricista registrado em seu conselho de classe possui essa capacidade.
Os conselhos que fiscalizam e orientam esses profissionais são o CFT (Conselho Federal dos Técnicos Industriais) e CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). É uma exigência desses órgãos citados, como também da concessionária de energia elétrica, corpo de bombeiros e prefeituras, que os responsáveis técnicos pelo projeto emitam uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ou TRT (Termo de Responsabilidade Técnica) em seus conselhos de classe, garantindo a formalização do respectivo acervo técnico, comprovando a sua capacidade como profissional para determinado projeto.
Técnicos em eletrotécnica e eletroeletrônica tem uma autonomia para projetar até 800kVA (Quilovolt-Ampère), entretanto, os engenheiros civis possuem competência para projetar instalações elétricas de baixa tensão (≤ 1kV) até 75kVA, já os engenheiros eletricistas estão aptos a projetarem ilimitadas demandas de potências e tensões elétricas.
Qual software de projetos elétricos devo usar?
Existem diversos softwares gratuitos que auxiliam a pessoa a desenvolver um projeto elétrico, e alguns pagos que fazem automaticamente até um certo ponto esses projetos. Mas você sabe qual é a melhor ferramenta para se trabalhar com esses projetos?
Para você que esta começando a projetar e estar em dúvida qual software utilizar, primeiro você deve se perguntar, eu tenho o domínio em elaborar projetos elétricos?
Se você tem o software automatizado e não tem conhecimento de todas as normas técnicas necessárias que envolve tal projeto, não vai lhe adiantar de nada!
Imagine por exemplo quando você entrega o projeto executivo ao seu cliente, e após análise dele surge uma dúvida sobre a correção da queda de tensão em um condutor, quando lhe pergunta porque não esta utilizando em determinado circuito um cabeamento de seção transversal menor. O software automatizado sabe porque fez aquilo em seu projeto, mas você vai saber explicar tecnicamente para seu cliente a correção dessa anomalia?
Não invista seu dinheiro em coisas que você não sabe como funcionam, existe um software bastante conhecido, que se chama AutoCAD. Neste software é possível projetar gratuitamente no modo estudante, e até mesmo homologar seus projetos elétricos em todos os órgãos regulamentadores. Softwares automatizados, servem para quem já tem o domínio na elaboração de projetos, possuindo conhecimento de todas as normas técnicas necessárias para sua elaboração, desejando acelerar o ritmo de trabalho.
Hoje a Proseletric Engenharia utiliza em conjunto com o AutoCAD, o software REVIT, também desenvolvido pela empresa Autodesk. O REVIT têm imensas vantagens frente à outros software para projetos tradicionais, permitindo um melhor entendimento utilizando uma modelagem 3D e otimização de processos, como quadro de cargas, diagrama unifilar e lista de materiais de forma automática, empregando a tecnologia BIM (Modelagem de Informação da Construção).
Iniciando um projeto elétrico
O primeiro passo é coletar todas as cargas que o cliente deseja inserir em sua residência, comércio ou indústria para inserir no quadro de cargas. Em seguida solicitar ao contratante o projeto arquitetônico, para que se possa começar a pensar nas instalações, utilizando como base a norma técnica NBR-5410.
Na etapa de detalhamento de um projeto elétrico, é necessário especificar minuciosamente vários parâmetros construtivos e elétricos da instalação, de modo a tornar clara a condição do projeto e facilitar sua execução.
Devemos verificar em seguida o método de instalação para dimensionar corretamente os cabos da nossa instalação. A tabela 33 da NBR5410 mostra diversas formas de instalação, por exemplo se o cabo passa por eletrocalhas, canaletas, eletrodutos, enterrado diretamente no solo, leitos, em duto fechado ou aberto etc.
Como podem perceber existem várias formas para instalar os cabos, variando a capacidade de condução de corrente de acordo com esse método de instalação. Em instalações elétricas residenciais o método mais comum é o de número 7 (B1), já nas instalações elétricas comerciais e industriais é muito utilizado o método número 13 (F).
O próximo passo é verificar o tipo de isolação do cabo, sendo as mais utilizadas, o PVC (policloreto de vinila), XLPE (polietileno reticulado) e HEPR (borracha etileno-propileno). O PVC é um material que amolece com facilidade quando aquecido, suportando temperaturas de operação normal até 70°C. O XLPE e HEPR são materiais que sofreram um processo de vulcanização, se tornando termofixos, possuem a vantagem de não amolecer com o calor e suportam temperaturas de até 90°C.
Essa diferença de resistência maior a temperaturas, faz com que transporte mais corrente pelo cabo, mesmo que ambos possuam a mesma seção nominal. Devido a esse fator, é importante descrever no quadro de cargas o tipo de isolação deste cabo.
Em instalações elétricas residenciais, a tabela mais usada da norma é a 36, com método de referência B1, devido a instalação mais comum de cabos unipolares em eletroduto embutido na alvenaria. As seções predominantes nessas instalações são a de 1,5mm² para circuitos de iluminação, e 2,5mm² em circuitos de força. O item 6.2.6 (Condutores de fase e condutor neutro) da NBR-5410, informa as seções mínimas para esses circuitos em corrente alternada.
Após dimensionar todos os cabos dos circuitos em uma instalação residencial, é hora de dimensionar o cabo do padrão de entrada de acordo com a demanda, onde veremos mais a frente, sendo mais comum nessas instalações utilizar o cabo EPR/XLPE 90°C.
Comparem na tabela 37 com a tabela 36, que o cabo com esse tipo de isolação suporta mais corrente elétrica do que o cabo de PVC, como já explicado, e além disso, possui maior durabilidade por ter além da capa de isolação, uma cobertura de proteção. Em residências simples, o cabo do padrão de entrada mais usual é o de 6mm², suportando até 54A em circuitos bifásicos ou monofásicos acomodados em eletroduto na alvenaria.
FCT e FCA
Outros fatores cruciais de um projeto elétrico que não são levados em consideração por muitos projetistas, é o cálculo da corrente corrigida, bastante importante no dimensionamento desses condutores, onde é determinada pelo FCT (Fator de correção de temperatura) e FCA (Fator de correção de agrupamento) podendo ser calculada da seguinte forma:
A) FCT (Fator de correção de temperatura)
O FCT é determinado de acordo com a isolação do condutor, da temperatura ambiente ou da temperatura do solo, estabelecido pelos itens 6.2.5.3 (Temperatura ambiente) e 6.2.5.4 (Resistividade térmica do solo) da norma NBR-5410.
A temperatura do ambiente será bastante relevante para um bom dimensionamento de condutores. Por exemplo, se você possui um projeto comercial de uma padaria, onde o trajeto dos cabos serão próximos a fornos com altas temperaturas, teremos a capacidade de condução de corrente elétrica afetada drasticamente, precisando ser corrigida, ou seja, quanto mais quente o ambiente, menos corrente o cabo irá suportar.
B) FCA (Fator de correção de agrupamento)
Outro fator que devemos levar bastante em consideração é o FCA no momento do nosso planejamento, para escolher qual diâmetro do eletroduto, tamanho da eletrocalha ou canaleta iremos utilizar, quantos circuitos iremos carregar uniformemente dentro deles e a forma que serão instalados.
Quanto maior o números de circuitos agrupados em um único eletroduto, eletrocalha ou canaleta, maior vai ser esse o aquecimento dentro dele, ampliando sua resistência e consequentemente provocando a redução de condução desses cabos. Devido a esse fenômeno, a NBR-5410 desenvolveu a tabela 42, com intuito de orientar os projetistas a fazerem uma melhor distribuição desses circuitos, também "admitindo-se que todos os condutores vivos permanentemente carregados com 100% de sua carga. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de correção podem ser aumentados" (NBR-5410, 2004, p.108).
Por exemplo, temos em uma residência com 3 circuitos instalados em um eletroduto corrugado embutido em alvenaria (B1), e precisamos saber a corrente corrigida (Iz) destes circuitos aplicando o FCA.
A área ocupada nesse eletroduto são 3 circuitos, A¹(1,5mm²) + A²(2,5mm²) + A³(2,5mm²), e o fator de correção é de 0,70 de acordo com a tabela 42. Utilizamos a formula Iz=Ic*Fc, para descobrir se o cabo que escolhemos não precisará ter sua seção nominal alterada pela corrente corrida.
Iz = Ic * Fc
onde:
Iz – Valor da corrente de condução do condutor corrigida que queremos encontrar.
Ic – Valor da corrente de condução no condutor encontrada tabela 36 NBR5410.
Fc – Fator de correção, ou seja, 0,70.
Neste exemplo temos no circuito A¹ a cabo de 1,5mm², tendo como resultado apresentado na tabela 36, a capacidade de condução em B1 de 17,5A.
Iz= 17,5 * 0,70 = ≈12,3A
Podemos ver na imagem do QDFL da casa acima que o circuito 1 que a corrente de projeto (IB) é de 3,2A, ou seja, o cabo de 1,5mm² com a corrente corrida(Iz) por FCA e FCT, suporta esta corrente.
Já nos circuitos A² e A³ não vai ser diferente, os 2 circuitos possuem a mesma corrente IB, então precisamos fazer o calculo somente de 1 desses circuitos, sendo:
Iz= 24 * 0,70 = 16,8A
Na imagem do QDFL vemos que o circuito 1 e 2, possuem a corrente de projeto (IB) de 16,4A, ou seja, também não precisamos alterar o cabo de 2,5mm² para uma seção maior.
Nota: No quadro QDFL-Casa, percebam que foi inserido propositalmente no circuito 2 e 3, cargas que ultrapassam correntes de 10A. O item 9.5.3.1 da norma adverte que, "todo ponto de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo ou virtualmente dedicado, equipamento com corrente nominal superior a 10A deve constituir um circuito independente" (NBR-5410, 2004, p.184). Ou seja, admite-se que apenas tomadas de uso específico (TUE), como por exemplo, ar-condicinado, fornos, chuveiro elétrico etc., ultrapassem esse valor, com exceção de circuito de tomada e iluminação estejam juntos em locais de habitação, onde o limite será de 16A, como mencionado no item 9.5.3.3-a. Em nosso exemplo será necessário redimensionar esses 2 circuitos para distribui-los da melhor forma no projeto elétrico, a não ultrapassar o limite imposto pela norma.
Queda de Tensão
A queda de tensão deve ser calculada após aplicarmos o FCT e FCA durante o projeto, afim de não prejudicar o funcionamento dos equipamentos de utilização ligados aos circuitos terminais, mantendo-a dentro dos valores máximo fixados pela NBR-5410.
O item 6.2.7.1 informa que em qualquer ponto de utilização da instalação, a queda de tensão verificada não deve ser superior a 5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos de ponto de entrega com fornecimento em tensão secundária de distribuição, e 7% em tensão primária de distribuidor ou no caso de gerador próprio, dados em relação ao valor da tensão nominal da instalação. (NBR-5410, 2004, p.115).
Para calcularmos a queda de tensão é necessário obter os valores de: tensão, corrente corrigida, distância do condutor (entre fonte e carga) e a queda de tensão unitária (V/A.Km) encontrada nos catálogos de fabricantes de condutores. Utilizamos a seguinte fórmula para obter o percentual da queda de tensão:
De acordo com o método instalado, o tipo dos cabos e o fator de potência do circuito que mais se aproxima encontrado nas tabelas abaixo, podemos obter o fator K. Nessas tabelas percebemos diversos níveis de queda de tensão por Km em impedância aproximada.
Em um exemplo onde possuímos um circuito trifásico 220V de uma câmara fria, com potência de 30HP, fator de potência 0,8, rendimento 0,85, localizado à 85 metros do QGBT e possui temperatura ambiente de 35°C, consideramos que o cabeamento será transportado espaçado (10cm) através de eletrocalha perfurada em conjunto com um segundo circuito. Determine o cabo de acordo com a corrente corrida pelo FCA, FCT e porcentagem da queda de tensão ideal.
Primeiro devemos obter a corrente nominal deste circuito, utilizando a fórmula:
Utilizaremos cabos EPR/XLPE 1KV Classe 5 para alimentar a câmara fria, por já percebermos através da corrente nominal utilizando a tabela 36 da NBR-5410, que precisaremos de um cabo com seção nominal elevada, sendo inviável nesta situação o cabo de PVC 750V.
Após acharmos a corrente nominal, aplicamos agora o fator de agrupamento e fator de temperatura utilizando as tabelas 40 e 42 da NBR54-10.
Encontramos a corrente corrigida In', e precisamos saber o cabo que iremos utilizar para essa carga, verificando o critério de capacidade de corrente na tabela 37 da norma.
De acordo com a tabela 37, o cabo selecionado será de 16mm², suportando 105A no método F. Devemos agora aplicar a queda de tensão para verificar se esta seção nominal, vai conseguir transportar toda tensão elétrica que nossa carga necessita.
Percebemos que o cabo de 16mm² não atende ao nosso circuito, pois a queda de tensão percentual 8,36%, é superior a 5% estabelecido pela norma. Precisamos recalcular para próxima seção nominal comercializada, o cabo de 25mm².
Ainda não conseguimos encontrar o cabo ideal que atenda o item 6.2.7 da norma, o cabo de 25mm² não é o ideal para a nossa carga, de acordo com o cálculo de queda de tensão, precisamos recalcular para próxima seção, sendo o cabo de 35mm².
O cabo de 35mm² atende ao nosso circuito pois a queda de tensão calculada de 4,38% é inferior a 5% máximo estabelecido pela norma.
Dimensionamento de Eletrodutos
Existem eletrodutos de diversos tipos, como os metálicos (magnéticos e não magnéticos), rígido, flexível corrugado simples, corrugado flexível reforçado, corrugado flexível reforçado PEAD, entre outros. Devemos escolher o tipo de acordo com o método da nossa instalação.
Após dimensionarmos os condutores, precisamos descobrir qual eletroduto devemos utilizar nos circuitos de acordo com a quantidade de cabos específicos e suas características. E como faremos isso?
Primeiro devemos saber o diâmetro externo do cabo, podendo encontrar facilmente nos catálogos dos fabricantes, como a Sil, Cobrecom, Prysmian, entre outros.
Exemplo: Vamos supor que temos dois circuitos trifásicos com cabo de 6mm² PVC 70°C, possuindo em seu diâmetro do condutor 3,0mm² e seu diâmetro externo é de 4,4mm².
Sabemos que a área da nossa circunferência é πr², substituindo a área por um diâmetro, temos:
d - Diâmetro externo do cabo;
π - 3,14;
Então teremos:
Descobrimos a área que meu cabo irá ocupar, que será 15,20mm², agora precisamos saber qual é o diâmetro externo do eletroduto, que será calculado da mesma forma que foi calculado o diâmetro externo do cabo.
Vamos escolher neste exemplo, o eletroduto de 3/4", que possui um diâmetro de 19,05mm e uma área total de 285,02mm².
O item 6.2.11.1.6 da NBR-5410 fala que "a taxa de ocupação do eletroduto, dada pelo quociente entre a soma das áreas das seções transversais dos condutores previstos, calculadas com base no diâmetro externo, e a área útil da seção transversal do eletroduto, não deve ser superior a 53% no caso de um condutor; 31% no caso de dois condutores; e 40% no caso de três ou mais condutores" (NBR-5410, 2004, p.120).
Com base no item da norma, os nossos 2 circuitos trifásicos não devem ocupar mais que 40% do diâmetro interno do eletroduto, e para descobrirmos qual é o limite máximo que devemos ocupar de cabos em determinado eletroduto, é só multiplicarmos a área total (285,02mm²)x0,40=114,01mm², ou seja, a área total dos cabos não deve exceder 114,01mm².
Em nosso exemplo, temos dois circuitos trifásicos com cabos de 6mm², sendo 3F+T, total de 8 condutores. Multiplicando 8x15,20=121,6mm², percebemos que a área total dos cabos nos 2 circuitos ultrapassam a taxa de ocupação permitida no eletroduto de 3/4", então devemos recalcular para o próximo eletroduto, que será o de 1". Reparem na tabela que a área total do eletroduto de 1" é de 506,72mm², e multiplicando pela taxa de ocupação de 40%, temos uma área de ocupação de 202,68mm², entendemos então que o eletroduto de 1" permite receber os nossos 2 circuitos trifásicos de 6mm².
Imagino que devam estar pensando que da muito trabalho fazer esse dimensionamento de eletrodutos. Esses cálculos de taxa de ocupação podem ser automatizados em arquivo de Excel facilmente, a grande maioria dos projetistas experientes possuem planilhas prontas com essas fórmulas, agilizando neste processo.
Planta Baixa Elétrica
A realização de um bom planejamento das posições dos materiais elétricos, como iluminação, tomadas, eletrodutos, quadro de distribuição, módulo de medição etc., irá propiciar condições positivas na realização de uma execução rápida, segura, estética e econômica, cabendo ao eletricista apenas interpretá-lo e executá-lo.
O projeto elétrico acima foi elaborado através do software AutoCAD, baseado em todas as normas vigentes, garantindo que todos os circuitos irão funcionar corretamente e sem perdas em uma UBS.
Para quem esta começando é importante treinar em plantas mais simples, por exemplo residenciais, e conhecer a NBR5444:1989 é bastante importante, mesmo que ela tenha sido cancelada em 2014, não sendo mais obrigatório utilizar seus desenhos, mas ela irá auxiliar o projetista iniciante a se familiarizar com as simbologias das plantas elétricas.
Em projetos elétricos existe uma verdadeira necessidade em promover a separação correta dos eletrodutos, quadro de distribuição, localização de tomadas e iluminação de uma forma que não haja equívoco na hora da instalação. Hoje a utilização de projetos elétricos se torna mais frequente do que a poucos anos atrás, mas ainda existe diversos erros de leitura por parte da equipe de execução.
O software AutoCAD cria desenhos 2D e até 3D precisos, mas exige bastante tempo do projetista, já o Revit utiliza a tecnologia BIM, produzindo modelos 3D inteligentes em tempo real, possuindo vantagens como a detecção de conflitos, evitando retrabalhos, quantificação exata dos elementos do projeto e custo de obra de forma automatizada, e além desses exemplos, irá facilitar drasticamente o entendimento da execução.
Diagrama Unifilar - Quadro de Distribuição de Circuitos
O QDC (Quadro de Distribuição de Circuitos) é um componente agregado ao sistema elétrico, possuindo a função de receber a energia da medição ou QGBT (Quadro Geral de Baixa Tensão) e subdividir esta energia para os circuitos secundários, fazendo também a proteção deles.
Possuindo o levantamento de todos os materiais, é necessário inserir na prancha o diagrama unifilar do quadro de distribuição. Nele é informado todos os condutores, eletrodutos e proteções em poucas linhas, facilitando a leitura do projeto elétrico.
Após finalizar o diagrama unifilar do quadro de distribuição de circuitos, é possível obter na modelagem do software Revit, a vista 3D de orientação do quadro para montagem, utilizando famílias de componentes paramétricos.
É indiscutível e notável que o BIM (Modelagem da Informação da Construção) possibilita funções realísticas e funcional na elaboração de projetos elétricos, possibilitando os projetistas apresentarem aos seus clientes representações virtuais em 3D.
Quadro de Cargas
Após definir todas as cargas, como as tomadas de uso geral e tomadas de uso específico, seus condutores, eletrodutos e proteções no quadro de cargas, será necessário efetuar os estudos de demanda para o padrão de entrada (medição), utilizando as normas regulamentadoras da concessionária local, como por exemplo a Energisa que adota a norma NDU001 (Fornecimento de energia elétrica a edificações individuais ou agrupadas até 3 unidades consumidoras) ou a Enel que emprega a norma NTC-04 (Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária de Distribuição).
No quadro de cargas acima temos um dimensionamento de demanda pela concessionária Energisa. E no item 16 da ndu001 (Demanda e dimensionamento para entradas trifásicas com neutro) informa que a potência aparente (S) contemplando as cargas do consumidor, em kVA, é calculada pela seguinte expressão:
Utilizando o exemplo do nosso quadro de cargas de uma Padaria, foi necessário calcular por cada demanda de equipamento, os equipamentos que a Energisa exige que sejam calculados separadamente são:
d1 = demanda de iluminação e tomadas, calculada conforme fatores de demanda da Tabela 3, em quilowatts (kW);
d2 = demanda dos aparelhos para aquecimento de água (chuveiros, aquecedores,
torneiras etc.), calculada conforme Tabela 4, em quilowatts (kW);
d3 = demanda secador de roupa, forno de micro-ondas máquina de lavar louça e hidromassagem, calculada conforme Tabela 5, em quilowatts (kW);
d4 = demanda de fogão e forno elétrico, calculada conforme Tabela 6, em quilowatts (kW);
d5 = Demanda dos aparelhos de ar-condicionado tipo janela ou centrais individuais, calculada conforme Tabelas 8 e 9, respectivamente, para as residências e não residências, em quilowatts (kW);
d6 = Demanda dos motores elétricos e máquinas de solda tipo motor gerador, em quilowatts (kW), conforme Tabelas 10 e 11.
Primeiro devemos calcular a demanda de iluminação e pequenos aparelhos (D1), e consultar a tabela 3 da norma, para saber qual o fator utilizar de acordo com o tipo de estabelecimento que estamos projetando. Por se tratar de uma padaria, utilizaremos o fator de demanda em 86% (Restaurante e Similares), que deve ser multiplicado pela potência ativa (W) das cargas em questão.
Em seguida faremos o mesmo com as demais cargas, que são 1 forno, 1 fogão e 2 câmaras frias. Para o forno e fogão devemos utilizar a demanda D4, e efetuar o mesmo cálculo de multiplicação de acordo com a fator de demanda escolhido através da quantidade de aparelhos, que no nosso caso são 2, ou seja, o fator de demanda para o forno e fogão será de 60%.
Por último calculamos a demanda das câmaras frias trifásicas, obtendo potência de 15CV cada, e este fator iremos encontrar na tabela 11 da norma.
Se tratando de motores elétricos, o nosso cálculo de demanda não será mais em porcentagem, mas sim utilizando potências em kVA estabelecidos na tabela da norma. No nosso exemplo, temos 2 câmaras frias que possuem motores elétricos trifásicos de 15CV cada, ou seja, a nossa demanda de acordo com a tabela será de 11,98kVA.
Como nossa expressão esta em kW, iremos converter a potência aparente (11,98kVA) em potência ativa, multiplicando pelo fator de potência (0,91) conforme tabela para 15CV, e em seguida multiplica pela nossa quantidade de motores, da seguinte forma:
d(kW) = 11,98*2*0,91
d(kW) = 21,80kW
Finalizamos os cálculos parciais de demanda, agora devemos efetuar a soma de todas elas e dividir pelo fator de potência (0,92) geral estabelecido pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), obtendo o resultado de demanda total em kVA.
Agora que obtivemos a demanda total do nosso sistema, é hora de inserir no projeto qual serão os cabos, disjuntor, eletroduto e poste da nossa medição. Para isso devemos consultar a tabela 14 da norma Energisa.
Percebam que a nossa demanda em kW se encontra dentro da categoria T6, entre 52,53kW e 75kW, ou seja, o nosso sistema de medição contemplara uma medição do tipo direta, sem necessidade de TCs e transformador (por ter na proximidade do local rede elétrica em baixa tensão).
Os itens que englobam esta medição serão cabos EPR/XLPE 1KV 90° 95mm (F+F+F) e 50mm (N+T), 3 hastes de aterramento, disjuntor 200A 10kA, e eletroduto 3" aço galvanizado embutido, e para suportar o esforço mecânico do cabo entre padrão de entrada e rede da concessionária, precisaremos também instalar um poste de concreto duplo T 600daN x 7m.
Após obter os dados de todos esses itens, devemos finalizar o projeto com diagrama unifilar geral da medição, inserindo no software de projeto.
Outro item importante e indispensável no projeto elétrico além do diagrama unifilar geral, é inserir na prancha juntamente com o quadro de cargas/demanda, são as vistas frontais e laterais da medição.
As vistas de instalação são essenciais em um projeto elétrico, porque além de apresentar a concessionária, o projetista acaba orientando o eletricista através delas, diminuindo as possibilidades de erros na instalação elétrica.
Memorial Descritivo
O memorial descritivo é um documento que faz parte de um projeto elétrico executivo, e esta previsto também no item 6.1.8.1 da norma NBR-5410, devendo ser anexado junto ao projeto, com o intuito de informar cálculos desenvolvidos, lista de materiais que serão utilizados, indicações de sobre manobras dos dispositivos, informações contratante e o projetista, além de instruções para a execução do projeto e análise da concessionária caso precise submetê-lo para homologação.
Se você quiser aprender mais sobre esse vasto conteúdo, a Proseletric Engenharia disponibiliza um acervo técnico completo de diversos projetos elétricos de Energia Solar e Padrão de Entrada (Medição Agrupada e Subestação). Além desse acervo técnico, prestamos suporte técnico em quaisquer dúvidas que surjam na elaboração de seus projetos.
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Sobre o autor: Michael Morais
Consultor Técnico em Eletroeletrônica, Técnico em Automação Industrial e Engenheiro Eletricista. Atua com projetos elétricos a 6 anos, projetando subestações, medição coletiva, SPDA, fotovoltaica, elétrica interna, rede de telefonia e antena para diversas empresas privadas e órgãos públicos com qualidade e responsabilidade.
Sua experiência neste campo ajudou diversos colegas técnicos e engenheiros a conquistarem mais clientes, aperfeiçoando seu conhecimento, obtendo domínio em sua área e se destacando no mercado de trabalho.
Profissional nota 1000, faz o serviço com qualidade e sempre atencioso após o serviço realizado, muito